Escrevi, Marcelo Damasceno.
Essa senhora tão jovem, Maria da Penha, moradora da periferia, deve já ter nascido na sentença dessa violência. Nasceu com sua dignidade. Mas o equívoco lhe pregou peças. Lhe deu uma casa. A vida lhe preservou o encanto de ser mulher. E lhe encantou a um possível amor com felicidade. Lhe enfeitou a vida com o homem possível. Lhe reservou um lar, a família. Lhe ofereceu a noite para cantar. Um dia inteiro para trabalhar. Lhe deu uma Polícia para confiar. Lhe estendeu uma sexta-feira, onde fosse possível respirar a vida de Cristo Jesus. Uma mulher assassinada todo dia, morremos nós os homens também, quando matamos para não ter mulher e o mundo ficar só pra homem. E sem graça?
Maria da Penha, corria da própria morte. Os espinhos eram só de Cristo. Foi-lhe oferecida um delegacia para mostrar suas dores de mulher. Lhe deram também uma ambulância do Samu. Por um instante, ela creu na vida. Ela registrou a queixa ao plantão que cercou o seu nome. E registrou seu medo, a ocorrência de uma rodovia inteira. Fugindo da pancadaria. Fugindo de seu algoz. Seu carrasco. Como Jesus, era trocada sua vida curta pelo Barrabas.
E refugiou o que pôde seu medo, que saiu pela noite a lhe engolir a curta respiração em seus poros, às margens de Petrolina sem ouvidos e sem os olhos a lhe oferecer a pauta santa da sexta que lhe reservou a bárbarie e incontida morte.
Maria da Penha, morreu na indigência decretada e sonhando ao longo do distante Novo residencial Monsenhor Bernardino. Seu teto e sua manifestação para viver. Sua felicidade onde buscou um lugar para unicamente viver. Uma Maria da sexta feira da paixão, à procura dos seus sonhos. Sua desejada alegria de viver e tombando, diante dessa morte.
FOTOS.
Maria da Penha.
Assassinada no Brasil de Petrolina
Numa sexta-feira, 25 de março de 2016.
Nenhum comentário:
Postar um comentário