quarta-feira, 8 de março de 2017

*Para todo dia e noite se lembrar da mulher Internacional. A morte sem piedade de Maria da Penha.


Escrevi, Marcelo Damasceno.

                    
Essa senhora tão jovem, Maria da Penha, moradora da periferia, deve já ter nascido na sentença dessa violência. Nasceu com sua dignidade. Mas o equívoco lhe pregou peças. Lhe deu uma casa. A vida lhe preservou o encanto de ser mulher. E lhe encantou a um possível amor com felicidade. Lhe enfeitou a vida com o homem possível. Lhe reservou um lar, a família. Lhe ofereceu a noite para cantar. Um dia inteiro para trabalhar. Lhe deu uma Polícia para confiar. Lhe estendeu uma sexta-feira, onde fosse possível respirar a vida de Cristo Jesus. Uma mulher assassinada todo dia, morremos nós os homens também, quando matamos para não ter mulher e o mundo ficar só pra homem. E sem graça?

Maria da Penha, corria da própria morte. Os espinhos eram só de Cristo. Foi-lhe oferecida um delegacia para mostrar suas dores de mulher. Lhe deram também uma ambulância do Samu. Por um instante, ela creu na vida. Ela registrou a queixa ao plantão que cercou o seu nome. E registrou seu medo, a ocorrência de uma rodovia inteira. Fugindo da pancadaria. Fugindo de seu algoz. Seu carrasco. Como Jesus, era trocada sua vida curta pelo Barrabas.

E refugiou o que pôde seu medo, que saiu pela noite a lhe engolir a curta respiração em seus poros, às margens de Petrolina sem ouvidos e sem os olhos a lhe oferecer a pauta santa da sexta que lhe  reservou a bárbarie e incontida morte.

Maria da Penha,  morreu na indigência decretada e sonhando ao longo do distante Novo residencial Monsenhor Bernardino. Seu teto e sua manifestação para viver. Sua felicidade onde buscou um lugar para unicamente viver.  Uma Maria da sexta feira da paixão, à procura dos seus sonhos. Sua desejada alegria de viver e tombando,  diante dessa morte.




FOTOS.
Maria da Penha.
Assassinada no Brasil de Petrolina
Numa sexta-feira, 25 de março de 2016.

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