segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Ivete Sangalo à própria imagem e semelhança


Por Marcelo Damasceno 
      Repórter de Petrolina PE.


A Ivete Sangalo, pessoa, baiana de Juazeiro e com sangue partido em tanta gente a lhe render árvore genealógica de rara etnia. Pela beleza ibérica e densa, desde a rigidez da matemática ao violão que sugere o balanço flamenco a reunir emoção e razão. Ivete no trio elétrico completa a mãe e mulher da intimidade responsável. Cercada de sua sensibilidade, converge uma multidão a lhe cercar com acolhimento acústico, as partituras de um trio elétrico acoplado a um solitário violão caseiro. É assim sua força interior que fortalece a quem cerca, a quem escolhe pro seu convívio.
A vida lhe deu o compasso. Sua família lhe garantiu a régua. E seu voo adolescente impregnou-lhe responsabilidade e sonhos. Assim, a morte precoce de seu pai, um doce Sangalo, ofereceu-lhe orfandade paterna e lhe preservou valores exemplares pra quem bem sabe de Ivete. E tem a imagem da rua num coral carnavalesco e imenso,  onde Ivete soma sua voz divisível com uma multidão de seguidores de um sonho elétrico sobre um trio poético e baiano para ser universal.
Filha da sua primeira Ivete, sua mãe. donde recolheu o calor doméstico a multiplicar seu coração para imensa parentela.
As suas conquistas de mundo lhe custam os sacrifícios mais amiúde. E sua verdade de carne e osso contempla bem o palco que a fama lhe cobra em autógrafos e selfies em doce sacrifício que faz bem aos outros.
A estatueta que o mundo exterior lhe reserva diariamente agora resplandece por uma escola de Samba, a carioquíssima Grande Rio, no Rio de Janeiro, neste acalorada fevereiro de 2017. Sob o olhar reparador de Cristo Jesus, em confetes e serpentinas, um sambódromo com o porta-estandarte em um brasão de Ivete Sangalo.
Muito bem crivado de estrelas do Carnaval a juntar o semiárido Juazeiro na Bahia de todos os santos, desde João Gilberto aos novos baianos de Galvão. E um totem sagrado de tropicalistas estelares, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Capinam e Tom Zé. E todos os axés que criaram a pipoca com Dodô e Osmar.
A extensão invejável de cancioneiro tão repleto de balanço e lágrimas na musa Ivete, lhe asseguram ser anjo, ser cantora a intepretar a fervura das ruas e esquinas que a música lhe rendeu.
Ivete é imagem da sua Bahia e semelhança com sua gente no sotaque mais universal, sua baianidade nagô.

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